MÁRCIO VILLAR

Uma pessoa apaixonada pelas ultramaratonas, no final de 2002, era mais um chefe de família carioca sedentario. Já passando dos 96 Kg, mal conseguia subir o ônibus, olhava-se no espelho e não se reconhecia, se sentia o retrato da decadência. Concluiu que a vida que levava não era a que merecia viver; decidiu mudar. Abandonou a comida de má qualidade e começou a correr. Com uma passada a cada dia, foi tomando gosto pelo exercício diário e despretensiosamente se inscreveu numa corrida de rua. Com esforço, conseguiu completar os 10 Km do trajeto, tendo definitivamente sepultado os dias de obesidade. O Rio de Janeiro tornou-se pequeno para o meu ritmo. Aventurou em provas pelo Brasil, sempre voltando para casa com um troféu na bagagem. Em algumas das competições, arriscou sua vida, como em 2008, na Jungle Marathon, onde no meio da floresta amazônica se deparou com escorpiões, jacarés e até uma onça pintada, sem falar do seu maior desafio, a Arrowhead, esta, nos Estados Unidos, onde na primeira vez em que participou, ainda com equipamento inadequado, quase teve os pés amputados e foi forçado a desistir. Fato que só fez aumentar a sua obstinação para um ano depois voltar e finalmente vencer este desafio.